AQUELE SOSSEGO AQUELA PAZ

Aquela sossego aquela paz,

Que eu respirava já não existeua

Então era ainda moço e bom rapaz

Quando a minha vida não era triste.

Árvores abraçando com seus braços

O Universo. E a natureza muito fiz

As avenidas e ruas como laços traços

No lusco-fusco dum rugir do meu país.

Ainda o sol se via! lá no horizonte

Eu via com a minh'alma com alma

E uma mulher que foi buscar água á fonte,

Num cântaro então o dia estava calmo.

Entretanto a mim ninguém me compreendia

Lá escrevia poesia e lia A. Nobre e então lia,

Florbela Espanca e nela Eça de Queiroz

Fernando Namora e dava a minha voz.

Eram outros tempos, tempos vindos,

Em que eu sonhava e tinha ilusões

foi-se a idade, foi-se tudo perdidos

Os Anos já não voltam mais corações!

Tantos livros que eu já li,

Tanta esparança que eu tive

E agora estou mesmo aqui

Vivendo momentos que não tive.

Aquela vida tão desejada

Que outrora eu tive assim

A minha mãe muito amada

Nos tempos em que me vim.

Esta saudade dos tempos

Que eu podia ser bem feliz

E que foram momentos

Nas escadas dos meus pais.

Morreram os pais que saudade

E a falta que eles me fazem

Vivendo esta pobre realidade

Nesta incerteza da imagem!

Andava a estudar sempre

Nos momentos tão felizes

Sonhei toda a hora e dizes

Que a vida é tão engraçada!

No entanto como pude viver,

Na esperança de outrora

Se esta vida é só sofrer

Que me mandem embora.

LUÍS COSTA

24-03-2005

TÓLU
Enviado por TÓLU em 02/10/2019
Código do texto: T6759065
Classificação de conteúdo: seguro