SESSENTA CARNAIS
cheguei aos sessenta amando com serenidade,
e o meu bem-estar é fruto do belo viço da flor;
vou colhendo o que plantei com maturidade,
e o bem maior que preservo é o bem do amor.
minha alma poetiza porque tem sensibilidade,
capaz de encantar-se com o arco-íris multicor;
a minha poesia apenas revela a simplicidade
do meu existir pela plena luz do meu interior.
cheguei aos sessenta sem os vícios mundanos;
a alma leve qual pássaro que voa no alvorecer;
embora não sinta a dor dos meus desenganos,
consolo quem não sente alívio em seu padecer.
decerto ainda não mereço moradas angelicais,
mas o canto dos anjos motiva o meu poetizar;
que, não se atendo aos meus sessenta carnais,
se expande por muitos anais, até se eternizar.
Escritor Adilson Fontoura
e-mail: aafontoura@hotmail.com.br