Alimentos que a vida não soube dar

Vi teu semblante às margens do Pirapora.

Tenho aqui saudades embrulhadas.

Veio devagar seguindo tudo o que

havia em meu coração, dilaceradas.

Você não me conhece, não sabe o que

eu carrego nos olhos e gestos.

Nem tocando saberás.

Está aqui em minha alma e nos restos.

A terra ingeriu todos os sonhos saudáveis

desde o nascimento.

Nem desperte a tristeza, está quieta.

Sobre ela cresci forçada por falta de alimento.

Sou do chão da poeira, do rosto sem o amanhã

Fui um ontem mal aproveitado e lançado pela dor.

Sou um hoje que serve das ruas.

Procuro alguém que abrigue meus sonhos com amor.

A chuva descia nas calçadas do lamento.

Quimeras invadiam meu céu.

Quero o carinho que nunca me deste.

Dê-me aquele olhar alegre que o mundo jogou ao léu.

Vou me refazer e fortalecer os braços e pernas.

Não olhe torto quando por mim estiver passando.

Ajude-me a enxergar o que não sei.

Sou pirralha e preciso sentir que estou te abraçando.

Luciana Bianchini

Luciana Bianchini
Enviado por Luciana Bianchini em 19/06/2016
Reeditado em 21/06/2016
Código do texto: T5672347
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