SILÊNCIOS & SILÊNCIOS
Há silêncios que vão e que voltam
Como numa ciranda a girar
Há silêncios que vão e revoltam...
Como um maremoto no ar.
Há silêncios que movem montanhas...
Ondas lentas que vêm e que vão
Há silêncios que fazem façanhas
Só reunem todo céu ao seu chão.
Há silêncios tão inexplicáveis
Qual o silêncio que ecoa no mar
Há o silêncio que qual uma miragem
Mais parece uma sereia a cantar...
Há o silêncio que tem força de grito!
Ao impulso que eclode ele então
Pelo medo se faz doce abrigo
A si mesmo que grita em vão.
Há o silêncio de toda alvorada
Paraíso que só a observar
No silêncio a voz da passarada
Só ressoa a primavera a chegar.
Há silêncio que é qual um alento
É resposta prestes a se confirmar
Que a poesia teve força de vento
A fazer peripécias no ar.
Há silêncio que enlaça o encontro
Dos silêncios, vãos a se preencher
E há silêncio que foge medroso
Por saber que é preciso correr.
Há o silêncio do encanto assustado
Que embarga o demais do silêncio
Há o silêncio que anseia ocupado
Para ouvir as notícias do tempo.
Há o silêncio que por não ter remédio
Silencia já bem remediado
Porque sabe que mesmo silêncio
É seu grito bem mal remendado.