Gangorra
Como a vida é vivida sem saborear do amor?
Não o sei dizer pois sou igual a um beija-flor,
Que busca o doce néctar, indo de flor em flor,
E segue embriagado devido ao flagrante olor.
Mas minha dúvida vem quando sinto esta dor:
De um amor desfeito por deixar de ter o ardor;
Deixa-me à tristeza, para a qual tenho pendor,
E eu fico à sua mercê sem jamais me indispor.
Porém, mesmo assim, nada afeta o meu vigor,
Nem produz dentro de mim qualquer amargor,
Sigo vida simples sem me fiar a um forte rigor,
Porém, tenho fraco para o amor e ao seu sabor.
E me entrego a ele sem pejo e nenhum pudor,
Porque o que eu desejo é manter o seu fulgor,
Para que esteja de acordo com o grande valor
Que tem na minha vida e que guia meu humor.