quadras de 'a' a 'z'
a trova traz um apelo
anterior a cada fato
a rima serve de degelo
arde o mundo inexato
bateu o verso na prosa
bebi a seiva espinhosa
basta a rima manhosa
beijando a luz formosa
cantei os alheios versos
cansei de velhos anseios
corre o dia freios soltos
chega hora fim do enleio
dos silêncios domados
deduzi velhas tristezas
dei esforços dobrados
diante das fraquezas
errou como todo errante
entrou em muita furada
e a qualquer instante
espera outra mancada
felicidade é um sonho
ficaria nele uma vida
feio é ficar tristonho
fiando a sina perdida
gritei aos quatro ventos
gastei as cordas vocais
ganhei dois cata-ventos
guardei os versos boçais
horas passam e somem
homem atrás do sonho
hoje não sabe, consome
humano meio medonho
inspiração é mui cara
isto o poeta aprende
irmã linda e tão rara
isto até tolo entende
joguei tudo o que tinha
já pensando em escapar
jurei que me convinha
julgar em vez de mudar
listei borrascas e bonanças
legados de mares tantos
lá descobri tristes heranças
lagos cheios de encantos
mirei bem os olhos teus
magia pros meus provar
meus olhos que são ateus
mistérios hão de sonhar
na sombra da tua soleira
nunca faltou minha rima
nos olhos da moça faceira
nutro a luz que me anima
olhava as vitrines vazias
observando as ausências
o silêncio abafava os dias
ocorriam só carências
perto de você eu vivo
pelo prazer de existir
preciso é do seu crivo
para outra vez insistir
quando tua lua se pôs
quase eu não acreditei
quimeras o dia compôs
querida como te amei
recordar é o que me resta
reviver essas lembranças
revejo as alegrias e festas
repisando belas andanças
sair já não importa
sei a minha hora
sou a ideia torta
sofrendo a demora
tenho recolhido pedaços
temores de velhos sonhos
tateio com nervos de aço
tenho não sei onde ponho.
um minuto no cadafalso
uma eternidade no olhar
últimos passos em falso
urgente teria sido sonhar
você que me apetece
voraz desejo de pecar
vê se não me esquece
venha comigo cantar
xexéu escolheu outro céu
xodó das moças faceiras
xucro fugiu num tropel
xeque-mate de primeira
zangão perdeu o posto
zanzando por aí
zumbia a contragosto
ziquizira nem te ví