Fragmentos duma alma

I

Terei saudades daquela criança que fui ontem

E daquele jovem que não serei mais amanhã

De tudo aquilo que fui e não fui não me contem

A vida é um rio de esquecimento neste mundo vão

II

Quantas culpas eu tenho carregado?

Não sei,

É que tipo de alma tenho me tornado?

Me indagarei

III

Todos dia acordo para dormir, e me fugir

Durmo para me esquecer que existo

O sentido da vida talvez seja dormir?

Como quem vive se olvidando que tem um quisto

IV

Amar, são aquelas palavras que temem sair

Carregado a culpa de serem rejeitadas

Aquelas palavras ousadas que fazem sorrirem ou ferir

São palavras sacrificadas a ser pronunciadas

V

Quando o silêncio se impera, as palavras enclausuram-se

É neste silêncio que comunicam-se as nossas almas

Latentemente todas as palavras enclausuradas ignotam-se

Fulminantes e prenhes de mistérios, e não algumas

VI

Estou farto de esquisitices, farto de mesmices,

Estou farto de dogmas, farto de axiomas

Cheio da alma dessas conspirações da modernice

Estou cheio que uma parte em mi está em coma

VII

Por que dás aos pobres sobeja pobreza?

Porque tira aos pobres o nada que eles tem

E aos ricos tamanha e tamanha riqueza?

Será que é porque a esperança dos pobres está no além?

VIII

Sou tudo que o mundo ignora

Sou a verdade que muitos fogem

Sou uma alma que perdão implora

Sou o futuro que morra longe

X IV

Se me perguntas porque disso tudo?

Tudo isso porque tudo passa

Se me dizes que sou um mudo

Direi sim, há vezes a fala escassa

X

A vida sabe muito acerca de mim

E eu infelizmente não sei nada da vida

A não ser um cego perdido dentre as avenidas

Em suma a minha vida é assim

XI

Que caminho esse que eu sigo

Que sigo cegamente sem saber se volto

Sozinho será o langor meu castigo

Sou dono do meu destino, ando a solto

XII

Onde acharei razoes de eu poder viver

Nesta vida que tanto me pesa

Sinto o peso da morte antes de morrer

Estou exangue e trago sobejas incertezas

XIII

Porque ser uma alma angustiada

No meio de mar de tanta satisfação.

Porquê a vida é tão pesada?

E a morte uma questão de aceitação

XIV

Há vezes que sonho, que sou o sonho de quem nunca sonhou

Vezes que nem sei sou o que em mi soa eu ser

Vezes que penso que sou as lágrimas de quem nunca lacrimejou...

Há vezes que nem sei se estou onde quero viver

XV

Meus olhos ensinam me a ver além do que tenho visto

Ensinam me a ver beleza nas profundezas de qualquer ser

Dêem-me os olhos que enxergam a alma como os de Cristo

Para além do físico, venha eu o intrínseco poder ver

XVI

Culpo me a mim por não ter sido Eu

Sendo eu uma parte de mi que todos dias falece

Quem dera eu culpado disso tudo que aconteceu

Moribundo que teme a morte enquanto da morte carece

XVII

Se me perguntas porque desses versos mestos?

Te direi que a alma humana é melancólica por essência

E que tudo quanto se faz são esto funestos

De tudo quanto o homem é, é só para se distrair da consciência

XVII

Se me perguntas por que dato os meus poemas?

Te direi cada poema é um historial um momento inédito

E qual sonho não vale a pena quando a vida é problema?

Ouço esse tropel de vozes como uma chuva de granitos

XIX

Se me perguntas porque escrevo meus versos chorando?

Te direi que cada palavra é minha vida decrescida

Te direi que cada verso é uma oração, minha alma catando

Se me perguntares deixarás de escrever? Olharei te em seguida

XX

O meu pensamento é um quarto solitário, è sim

Sou um planeta isolado distante dos outros

A minha alma sente, morre de saudade de mim

Combati monstros e acabei me tornando num monstro.

Marllon Neves.

Marllon Neves Langa
Enviado por Marllon Neves Langa em 20/12/2014
Código do texto: T5075473
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