Bumerangue
No começo falante e agora vives muda,
Não pensava que eras assim tão aguda,
Me convenceu a contar com a tua ajuda,
Se falavas bastante agora a fala é miúda.
Dás com uma mão e tomas com a outra?
Uma semana atrás me levastes ao paraíso,
Senti-me então muito feliz com tudo isso
Que senti que a minha dor ficou neutra.
Pensei que tu estavas em um outro piso,
Sei que só vivemos uma situação extra,
Que não daria para se tornar um mantra,
Nem tampouco venerável compromisso.
Não sei se tu és assim por que tu gostas,
Ou se carregas em ti estranha tendência:
De fingir e dissimular uma vã inocência,
Quando ganhas o que quer vira as costas.
Quem sabe não é um transtorno bipolar?
Ora triste ora alegre, ora cheia ora vazia!
Mostra o motivo que vives em alta azia?
Ou justifica os embates que vives no lar?
Em mim, infelizmente, trago esse defeito,
Importo-me com a pessoa de um tal jeito,
Que mesmo que não dividamos mais leito,
Ficarás algum tempo dentro do meu peito.