O LABOR DO VENTO
Traz o vento o cheiro silvestre das árvores frondosas,
adentrando mavioso nas casas simples das agrovilas;
traz o suor forte do camponês nas tarefas laboriosas,
e traz o canto do pássaro a ostentar plumas tão belas.
O vento também refresca as hortas tão bem cultivadas
nos quintais domésticos; enquanto das calhas, goteja
a água da chuva a cair fina, fluindo pelas valas acanhadas
na lateral das casas toscas, onde a luz solar não lampeja.
O vento só não penetra tão forte, nos fundos boqueirões,
de vegetação ainda intacta; onde as caças estão sonolentas
no interior das tocas; onde chega mais cedo que nos sertões,
a noite tão misteriosa e tão povoada das almas pestilentas.
Mas o labor do vento é diário; e o seu passar forte ou mavioso,
simboliza uma das formas da presença de Deus na natureza;
pois o próprio Deus, no vento tão suave, traz o maravilhoso
ato de amar, doando-o às almas carentes da luz do amor já acesa.