Convalescença
Quando acabou o amor, fiquei doente,
Doía meu coração, doía minha mente,
Minha vida estagnou, estive demente,
De tanto que pensei o amargo presente.
Sim, tenho, por fim, bastante saudades,
A outros não posso contar as verdades,
Devido eu ainda ser avesso a amizades,
Desconfio que elas carregam maldades.
Desde jovem que estou nessa balança,
Por ter ainda uma inocência de criança,
Fantasio que eu posso viver da aliança
Ideal com alguém de minha confiança.
Mas, na verdade, eu só colho decepção,
Apesar que eu sempre só planto afeição,
Fica sempre esse vazio em meu coração;
Penso que é a dor minha triste vocação.
Agora, fortaleço o meu corpo primeiro,
Pois o que quero é sair desse nevoeiro,
Para eu então sanar meu ser por inteiro,
Na fé de eu encontrar um amor certeiro.