T E M P O

Já faz tempo que o tempo me cobra

Versos que há tempos ando devendo

Faltava tempo pra engenhar tal obra

Como se o tempo vivesse perdendo

Velho inspirador tempo que não para

É dele que o poeta espera a jóia rara

Garras me imprimem à face cicatrizes

Nevando cabeças com alvas matizes

Operoso o tempo em sempiterna lida

Milagroso mestre em diuturnas curas

Dligente em sarar feridas das criaturas

Paciente a escutar os horrores da vida

Dias irascíveis em que animal me sinto

Esquecido em ódio passado ancestral

Se a ele dou tempo afasto o vil instinto

Pois pra cada coisa há o tempo divinal

Tempos demorei pra me achar inteiro

Até concluir que meu sangue é tinteiro

Registrando tempos de dor e alegria

Tempo que Deus me permitiu poesia

Andei cinco quadras neste passatempo

À caça da rima pra fechar mais nobre

Pois o próprio tempo dava rima pobre

Vou pedir ao Pai que me dê mais tempo

Stelo Queiroga
Enviado por Stelo Queiroga em 10/01/2014
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