QUADRAS

I

O silêncio, a eternidade...

Determino que me vou

Para terra, em liberdade,

Do meu sonho que passou.

II

Amanhã! Onde é que mora

Seu vestígio neste dia?

Sou um bardo que namora

Tão somente a fantasia.

III

Eu fui um sonho no vento

Escondia-me do nada.

Perdido e sem documento

Não deixei sequer pegada.

IV

Pouco escrevo e pouco escrevo,

Cabe tudo num papel.

Para dizer o que devo

Olho fixo para o céu.

V

Eu sou do momento escuro

Do mar e farol distante,

Nas correntezas durmo

Sem guiar barco adiante.

VI

Nasci no tempo das lendas

Crendo ser da manhã: luz.

Quando piso pelas sendas

Eu carrego minha cruz.

VII

Vê o meu sonho azulado

Lá no horizonte perdido.

Se encontrares eu calado

Saiba, o sol tenho escondido.

VIII

Entrei em uma metáfora

E encontrei uma caverna.

No escuro do sol a diáspora

Do meu pensar fê-la eterna.