Órfãos Nordestinos

Ouço os gritos de falsos heróis,

Vejo uma civilização em ruínas,

Sinto o cheiro de anônimos aos meus pés,

Piso nas poças de sangue e em seus corpos a apodrecer

A Mãe nos abandonou,

Tornamo-nos guerrilheiros no próprio lar,

Tornamo-nos ratazanas nas sarjetas,

Esquecidas até que a nossa visão venha a ferir alguém

Sobrevivemos sendo a escória:

Fugindo da nossa casa,

Mendigando direitos que deveriam nos pertencer.

Sujamos a sua utopia perfeita

Morremos na miséria com a seca,

Morremos de fome: não fomos amamentados o suficiente

Perecer é a única solução para os órfãos

De uma pátria desigual e que abandona os seus deformados