Monótono
Um dia percebi que tudo ficou repetitivo,
Achava eu que era apenas mais um ciclo,
Que, de repente, estava somente passando,
Mas vi que não era assim, só um instante.
Virou a minha vida uma rotina estafante,
Nunca mais nessa vida me vi no comando,
E nas idas e vindas eu estou sempre solo,
Agora só é assim que eu geralmente vivo.
Solidão para mim hoje é o meu princípio,
Nada que faço rompe essa situação erma,
Solto tenho toda minha caminhada presa,
Porque tenho o meu peito muito dolorido.
Soa ainda a afetuosa voz no meu ouvido,
Desde quando eu fugi com aquela pressa,
Não percebi que não era o fim do carma,
Já que a minha vida ainda é de um ímpio.
Minha vida é uma rosca de volta sem fim,
O tédio meu companheiro me acompanha,
De maneira que, sem ele, nem sei mais ver
Como viver sem essa repetição é diferente.
Sei que isso está somente na minha mente,
Que não devia levar tão a sério esse viver,
Mas todo dia meu pensamento se assanha
E sinto que a vida toda vai ser bem assim.
Ando ao relento e é como se não andasse,
Sinto que estou em uma espécie de sonho,
No qual não consigo despertar de verdade,
Como seria bom se tudo fosse como antes.
Quando eu era feliz em todos os instantes,
Talvez por isso tinha um pouco de vaidade
E vivia de bom humor e até muito risonho,
Agora, vivo em lamaçal como se afundasse.
Essa minha vida que é de pura monotonia,
Vejo-me em um redemoinho, sem paralelo,
Um caracol que me prende como labirinto,
Me pergunto se um dia ainda escapo disso.
Conto isto para eu não passar por omisso,
Desculpem-me de explicar tudo que sinto,
Tenho certeza que é minha forma de apelo,
Hoje, essa é a maneira que tenho sintonia.