O Espantalho da Minha Alegria

Ainda tão marcada, minha face esquecida,

Pelo caminho das lágrimas, linhas sentidas,

Trilhas de tristezas, seco vil mapa de ilusão,

Tantos desvios tinham, chegam ao coração.

Faço contrários gestos repetidos lhes rasgo,

Mero rolar fonte que brota dos olhos fracos,

Molhando-me as mãos trêmulas e cansadas,

Incapazes de me conter eis que são cascatas.

Rezo ao contrário de pobre matuto lavrador,

Minha plantação de sonhos, risos adubo pôr,

Não quero essa água em choro breu e salino,

Mas força do antigo sol jaz de mim sumindo.

Deixando o castigo doutros males em choro,

Continuado vestígio fio, como do milho loiro,

Tentando preservar o que resta me espalho,

Na paisagem nada espanto, sou espantalho.

Inaldo Santos
Enviado por Inaldo Santos em 22/08/2011
Reeditado em 22/08/2011
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