*Em Mente*
De que o passado vive
vem, volta à superficie
memórias se encontram
abrigadas e escondidas
numa cama de pregos
deito-me nua e sangram a pele
a tortura me tira a
dor da perda constante e sóbria
embriagando as tristezas
nesse campo de lembranças
me encontro caindo num poço
[bem fundo.
alojo-me num canto escuro.
o amanhecer vem, e me condena
o sol ao queimar-me a pele branca
me aquece, me retorna às memórias
do calor que teu corpo trazia.
e a loucura embaralha a mente
vazia e a tristeza impune
vagarozamente preenche de dor
o peito vazio...
o sol vai embora
os dias se tornam frios e nublados
o cobertor não esquenta
e as frestas na jenela não seguram o
[vento.
e me vem a fome, impaciente e rancoroza
me sugando as energias
mas a vontade de comer
é tão escassa que a propria fome se
[ignora.
e os poemas perdem a forma de poemas
tornam-se lamentos dolorosos
e as palavras vêm à tona
e desaparecem ao vento, sem dó.
e a escrita me comanda
não paro e me vem a força
me tira o peso e a tristeza
e a dor de ser quem sou
e loucuras saem da minha boca
e alojam nas linhas com rancor
e salivo ódio nas páginas
enquanto seco as lágrimas que
[alguém chorou.
e ao fim dos versos insanos
nada parece fazer sentido.
assim como o que carrego comigo
é tão sombrio e cheio de dor
E Sem sentido à ser Seguido.
Danielle Felippe
10/08/2011