Amar

E que zorra de palavra é essa

Que deixa tanta gente aflita

Com medo de ouvir e ser dita

E se diz, quase não confessa?

Uma palavra tão singela

Mas que amedronta demais

Até o homem mais sagaz

Tem medo de ouvir ela

É só um verbo transitivo

Que se for mal conjugado

Pode até ferir um bocado

Mas nada de definitivo

Tem muita gente que corre

Outras estão sempre procurando

E mesmo não a encontrando

Só desiste depois que morre

Quando dito no passado

Pode trazer um pouco de dor

E é preciso se dar valor

Para não viver amargurado

Se é dita no presente

Está vivendo muito bem

Fazendo até sorrir além

Por se viver intensamente

Mas se é dito no futuro

Parece mais ser um sonho

E ai então eu proponho

Se arriscar no obscuro

Mas não consigo entender

Como uma palavra boa

Quando dita por uma pessoa

Faz a outra estremecer

Por que há tanto medo?

Não importa quem a diga

Pode ser até uma amiga

E pode vir tarde ou cedo

Pra alguns significa felicidade

Pra outros, pode parecer prisão

Mas lhe digo de antemão

Não há coisa melhor, é verdade

Se pudesse diria todo dia

Sem ter medo de mentir

Já que só posso a proferir

Se estou mesmo em alegria

Bom seria sempre ouvi-la

De alguém que me entende

O meu peito logo se rende

Só de ouvir, dilata a pupila

Fico triste ao concordar

Que a palavra que lhe digo

Hoje já não traz abrigo

Já que a dita é AMAR

Do amor não se quer ouvir

O que será daqui pra frente

Sem amor, sou indiferente

Nem vou conseguir dormir

Uma pena achar cedo assim

Dizer que amor só vem depois

Isso não se aplica a nós dois

Ou pelo menos, falo por mim

Walter Gandarella
Enviado por Walter Gandarella em 28/07/2011
Código do texto: T3124348
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