Depravadas palavras do Homem-papelão
Cala-te, a boca de sua fome
A miséria é herança amaldiçoada pós-éden
Não te torture por te vê no espelho quebrado
A alma é única beleza igual
Olhe-te, que ainda vivo está pelo ruído do seu estômago
A palidez do seu rosto é de uma velha fotografia
É a nossa radiografia de quem é homem-papelão
Sobrevivemos assim: de selva em selva: fome: sono-morto!
Correr? não saímos do lugar...
E para quê sair? se tudo é tão igual!
Todo papelão é cobertor e colchão
E o vento frio é oração dos que pra sempre irão dormir!..