PROVÉRBIOS MINEIROS VII – J B PEREIRA - 20/12/17.

“E ele cutucou com vara curta

A cobre que passava.”

“Ele subiu o monte

A cavoucá-lo.”

Cavoucar é cavar!

Mas, o bom matuto

Ouviu: Subiu o morro

a cavalo.

E o outro mulato

Entendeu: Ele subia

E plantava a cavar

Cada buraco.

Cafundiu tudo!

“Reforma a maloca

Que fica nova.”

“Fica de butuca

E escuta o que diz

O patrão na surdina.”

“Não deixa o café

a esfriar no bule,

senão ele desanca.

Perde o sabor e o gosto”,

Disse minha sogra!

Coça a minha cacunda

Que te faço cafuné.

Ele disse que vai

“Dar a boca no trombone”.

E a gritar pra todos ouvir

tudinho.

Meu pai já dizia:

“- A maior boca do mundo

É a boca da noite, espia só!”

O bê-a-bá do mineiro

É sair cedo, cuidar da roça,

Plantar o que pode,

Cuidar das criação,

Fazer o queijo depois

De apartar o godo,

Colocar o bezerro na engorda

Na nuvia mestiça com zebu

E holandês.

Arrumar o curral com

O melhor arame e tábua,

Curtir a carne no fogão de lenha,

Ouvir a música caipira na madrugada,

Antes de rair o sol.

Esperar caminhão no arto

E entrevar as latas de leite.

Come um doce e o salgado

Que a Sinhá preparou

Para o dia de trabalho.

A vida é perde-ganha,

Perde mais que ganha,

Mas quando ganha

Vale muito mais.

Quem quer ir além,

Prensa no que tem.

A mentira tem perna grande,

A verdade perna pequena:

Vence uma a outra cada ocasião,

Uma cai a outra se alevanta.

A vitória é da verdade.

A mentira é que nem

Mascarado: tem muitas faces,

Olho vivo, compadre, pois

“Peixe morto fica com olho

Parado”. Gosto é na banha

Na panela fritado.

Atrás do cupim,

Tem traição.

Em cima de cupinzeiro,

não dá mato firmeiro.

J B Pereira
Enviado por J B Pereira em 26/12/2017
Reeditado em 29/12/2017
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