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JOÃO DOS QUEIMADOS
(memoriais de Sofia (Zocha)))
João dos Queimados, viageiro,
caboclo do tempo além palavra,
há uns tempos da palavra,
não aparece mais por aqui...
Vinha sempre de longe,dos refundos,
das ribanceiras, da curva das
vírgulas, encharcado de suor,
descendo solerte a estrada
dos Queimados, ribeirando a pauta,
por entre os parágrafos cerrados,
do mato estalido de moscado verbo,
montado no baio cadenciado,
sob sol, chuva, ou temporal,
trazia queijos verdes,
frescos, no bornéu, de azul
descascado do vagante céu...
o treis oitão bem guardado,
vinha sempre troteando pelo solo,
chapéu de palha se alevantando
em cumprimentos, desanuviando
poeiral de reticências...
-bons dias doutor Neves...Dna Ceiça,
- bom dia dotora Liliã!
Foi lá no sítio desse doutor
que conheci o seu João,
figura doutorada de lavrador.
Veio num dia desconjugado,
no escritório de
advocacia fazer consulta, melindroso,
verbo arrepiado, mas, ainda garboso
tinha algumas terras pra legalizar,
e assim sempre que versava,
chegava e amarrava
o alazão baio, na frente do escritório,
no mesmo lugar. Voz rouca,
gemente, estalida de paiol sêco,
ardente,
fico imaginando seu João
de etiqueta, entre flashes,
de camisa branca cheirosa
e de jaqueta, no estacionamento
do shopping center na cidade grande,
como ficaria o seu baio,
e o verbo guardado no bornéu?
As trilhas podem ser muitas,
no asfalto, também, levanta pó,
mas, a estrada no coração caboclo,
em sua alma é uma palavra Só...!
(...porque
alma de caboclo é pó,
pólen de silêncios
carregando espumas,
e do som do vazio ouvem-se
além...além das brumas,
do grito da ave,
refunda clave!...)
www.lilianreinhardt.prosaeverso.net
www.cordasensivel.blogspot.com
JOÃO DOS QUEIMADOS
(memoriais de Sofia (Zocha)))
João dos Queimados, viageiro,
caboclo do tempo além palavra,
há uns tempos da palavra,
não aparece mais por aqui...
Vinha sempre de longe,dos refundos,
das ribanceiras, da curva das
vírgulas, encharcado de suor,
descendo solerte a estrada
dos Queimados, ribeirando a pauta,
por entre os parágrafos cerrados,
do mato estalido de moscado verbo,
montado no baio cadenciado,
sob sol, chuva, ou temporal,
trazia queijos verdes,
frescos, no bornéu, de azul
descascado do vagante céu...
o treis oitão bem guardado,
vinha sempre troteando pelo solo,
chapéu de palha se alevantando
em cumprimentos, desanuviando
poeiral de reticências...
-bons dias doutor Neves...Dna Ceiça,
- bom dia dotora Liliã!
Foi lá no sítio desse doutor
que conheci o seu João,
figura doutorada de lavrador.
Veio num dia desconjugado,
no escritório de
advocacia fazer consulta, melindroso,
verbo arrepiado, mas, ainda garboso
tinha algumas terras pra legalizar,
e assim sempre que versava,
chegava e amarrava
o alazão baio, na frente do escritório,
no mesmo lugar. Voz rouca,
gemente, estalida de paiol sêco,
ardente,
fico imaginando seu João
de etiqueta, entre flashes,
de camisa branca cheirosa
e de jaqueta, no estacionamento
do shopping center na cidade grande,
como ficaria o seu baio,
e o verbo guardado no bornéu?
As trilhas podem ser muitas,
no asfalto, também, levanta pó,
mas, a estrada no coração caboclo,
em sua alma é uma palavra Só...!
(...porque
alma de caboclo é pó,
pólen de silêncios
carregando espumas,
e do som do vazio ouvem-se
além...além das brumas,
do grito da ave,
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