Sentir
“E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.
Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.
Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. (...)
Sentir é um retiro, fazer é uma festa.”
“A Alegria na Tristeza”, Martha Medeiros.
“E como desafios nos fazem viver! Trazem-nos vida à flor da pele! E instigam como instigam...
Eles te fazem correr riscos... Arriscar!
Mas mais do que isso, eles te fazem, no teu interior profundo e solitário, sentir. Sentir em infinito. E te despertam sensações guardadas. Aquelas que não são pra toda hora. São para momentos exatos e subjetivos. Instantes, na verdade. Momentos curtos, de preferência. Porque é nessa efemeridade que eles se eternizam e viram lendas. E então passam a morar vívidos na sua memória.”
“Limite tênue entre a razão e o perder-se”, texto meu do início de 2007. (Sobre você! Rs.)
Hoje abri alguns arquivos antigos e li.
Achei engraçado que dois deles falavam sobre essa coisa de “sentir”.
Resolvi colocar esses dois pedaços aqui pra você ler também. Minha vontade era de compartilhar uma coisa boa que eu havia lido e isso pelo pouco que te conheço e muito mais por ter lido uma mensagem antiga sua que dizia, entre outras coisas, o seguinte:
“Um alguém que se atém a pequenas coisas, que podem não parecer assim tão significativas, porém que fazem uma diferença enorme. O simples fato de mudar o jeito de escrever por causa de uma pequena observação. Alguém que conseguiu me desafiar e fazer eu acreditar que poderia até ler um livro...rs. Eu vi sim em você essa pessoa que combina com o meu jeito de ser. Alguém que gosta de sonhar e tirar deles algo de bom para o dia a dia. Ouvir uma música e tirar dela lições; escrever, tomar extremo cuidado com as palavras, para que elas sempre signifiquem algo, não estejam no papel só por estar. Acho que isso me faz pensar que daria certo.”
Eu não sei se sou realmente esse alguém que você descreve, não sei nem se é isso que você ainda pensa que sou. O fato é que do momento em que essa mensagem foi escrita até agora, muito tempo passou e, como a gente já tem falado algumas vezes, principalmente muita coisa mudou. Você afirma que eu mudei, você não. Pode ser. Mas tudo mudou porque muito mudou dentro de mim e isso tem me deixado em estado de alerta, até porque, sendo bem sincera e até um pouco antiquada, eu tenho sentido certas coisas que pra mim já eram coisas de adolescente! Coisas que acabei deixando pra trás por conta das circunstâncias e achei que já não eram mais assim tão adequadas à minha realidade.
O objetivo de te transcrever esses textos e juntar meus pensamentos em um só pra te mandar é simplesmente a vontade incontrolável de te dizer que você tem sido esse meu grande despertar. Que você é a pessoa que está me fazendo sentir e, de certa forma, viver essas pequenas e grandes coisas que me fazem sentir mais viva, em vários sentidos. Você tem me descoberto e me proporcionado me redescobrir. Sentir, sentir, sentir. Várias coisas. Uma pequena aqui, uma grande ali. Uma pontada, uma tristeza, um frio na barriga, saudade, um arrepio, alegria, uma vontade, carinho, impulsos, um nó na garganta, desejo... Eu não cogitava mais sentir. Não assim, com essa intensidade, por esses motivos. E isso tem sido uma feliz descoberta e a confirmação de que, sim, eu ainda posso sentir e sentir coisas realmente especiais e fortes.
Eu não te falo tudo que penso. Não demonstro tudo o que sinto.
Você faz e me diz certas coisas que eu realmente não espero na maioria das vezes. Coisas que às vezes me deixam eufórica e incrédula até. Várias conversas que tivemos e até momentos de papo não muito sério que você me disse umas coisinhas que me fizeram vibrar por dentro. Eu guardo. Guardo todas essas suas falas e ações, o que elas me causam e fico feliz.
Você tem me feito feliz, apesar de tudo. E por mais que eu às vezes sinta coisas que não são de todo assim tão boas, até mesmo essas me fazem feliz. Simplesmente porque todas elas me fazem perceber a cada dia, a cada momento que divido com você e a cada instante que estamos longe que eu realmente gosto de você. De verdade. E muito.
Sei que não vou achar respostas e nem estou procurando por elas. Até porque estou começando a achar e ter a real sensação de que se eu procurar demais e direito vou acabar encontrando talvez o que eu não espero ou que quero muito: que a minha resposta é você.
06.03.2008