SOLIDÃO INTERIOR...
É olhar- se no espelho e não
enxergar - se, pois a imagem que ele
reflete, não reflete a verdadeira,
é uma estranha, não traz sorrisos
nos lábios nem esperança nos olhos,
mais parece um zumbi que faz de
tudo para não sucumbir ao limbo
que o cerca...
A solidão infiltrou - se em seus ossos,
tomou seus nervos, intensificou - lhe as
emoções, aprofundou - as no silêncio
em que se vê enterrada, julgando que as
paredes podem ouvir seu pranto, seus
soluços e apelos por companhia, por
um abraço, por uma migalha de carinho...
A solidão triste de quem se sente como
que enterrada viva, sem um contato amigo,
uma voz carregada de ternura,
o calor de um amor que lhe serviria
de seiva para recuperar a alegria,o
desejo de viver por vontade de viver,
e não porque sabe que tem que viver a
qualquer custo...
O espelho não conheceu a mulher que
sorria com o coração e os olhos, e não
apenas com os lábios, como um rictus
apenas treinado, ensaiado, para não
decepcionar ou deixar tristes, os que
ama, que derrama suas lágrimas e
grita, entre soluços, por aquele a quem
realmente sempre amou e amará pela
vida afora, até o dia em que seus olhos
se fecharem para sempre e não ter
que olhar, mais, para a falsa imagem
refletida num espelho que não viu,
não acompanhou sua trajetória de vida,
suas alegrias, suas tristezas, suas lutas,
suas lágrimas, suas vitórias... Sua derrota
no último ato de renúncia, aquele que
a levaria a vegetar e a fingir, até o
último suspiro, que... "Tudo está bem..."...