** TRADUZINDO MINHA PESSOA **

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Andante que sou, sigo a beira de um rio, que denomino de vida. Extasiada perante tal beleza, deixo-me levar por sua correnteza, que me causa um desconforto, uma estranha sensação de medo!

Me faz entrar em pânico, podendo a mesma me levar de encontro a um mar de revolto de tristezas ou à alegrias efêmeras e nesse exato momento paira uma incógnita no ar...

Ainda assim, sigo...

Não sabendo qual o correto, vou pelo incerto.

Procuro atalhos... Mas é em vão!

Olho para mim mesma e percebo que desfaço-me nos entretanto da vida, fazendo-me de onipotente, quando na verdade, minha inabilidade à vida transparente.

Vejo-me insatisfeita de feição desfeita em amargura.

Sou um mero versejador egoísta, que verseja de sua própria vida.

Sem saber ao certo de onde vem toda aflição ou para onde vai tanta emoção. São tantas perguntas sem respostas, que acabo sempre por não me encontrar em canto algum... Nem sei se sou sonho, ilusão ou apenas mais um "171".

Só trago comigo a certeza de não mais poder suportar esta tensão infinita que teima em se alojar em meu peito, e fica ali, duelando a dor de ter que sorrir, mesmo estando com a vontade de chorar.

Penso... Repenso...

E assim me acabo por dentro, pois num minuto sou alegria, em outro já me vejo transformada em plena agonia, desfazendo-me em retalhos de momentos. E vou... Sabendo que em meio a essa correnteza, só minha consciência me serve de guia...

Sigo em meu andejar, levando comigo bagagens carregadas de muitas recordações, pois quem me vê, se quer imagina, por onde já caminhei, quantas braçadas já dei, para não me ver naufragar nas inundações de incoerências que já se deram em minha vida. As mesmas que por tantas vezes, me levaram ao fundo obscuro desse rio, mas como podem observar, sobrevivi, não ilesa, mas continuo respirando!

Muitas vezes me humilhei, em alguns momentos supliquei, já fui abraçada pela injustiça e amordaçada pela hipocrisia, nos momentos difíceis, a minha única companhia era a solidão de um náufrago. Em meio a isso tudo, já morri e renasci tantas vezes, que aprendi a ser mutável, multiforme, cheia de facetas para encobrir as marcas deixadas pela dor e esconder as mágoas que insistem em me acompanhar.

Vou... Seguindo nesse rumo incerto, sem saber ao certo, se sou reflexo de um sofrimento ou apenas resumo da solidão e num instante olho para trás e vejo tudo sendo transformado em meras recordações, muitas das quais, talvez nunca mais serão lembradas, mas estarão lá, camufladas, escondidas em meio aos sulcos desse corpo cansado, após tantos "rounds" na luta pela sobrevivência, lembrando, que a muito tempo, já me despedi daquela menina saltitante, chamada juventude.

E assim vou... Ora nado de costas, ora vou no estilo livre, cara a cara, pois só quem sozinho já encarou a correnteza desse rio, sabe a força que ele faz para te ver naufragar.

Mas também tem hora que opto pelo nado peito... Lentamente, braçada por braçada, quase boiando, para que ninguém nem perceba que estou passando...

Metida a polivalente, sigo... Com meus sonhos, minhas ilusões e até decepções, vou seguindo, às injunções de um destino que acredito existir, o mesmo que me levará algum dia, a ser apenas lembranças... Meras recordações no percurso da correnteza da vida de um outro alguém!

By fattoconsumado

Fattoconsumado
Enviado por Fattoconsumado em 10/05/2008
Reeditado em 26/10/2019
Código do texto: T983483
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