Tu dizes e acho mesmo que pensas que me amas
Mas não amas
Não é a mim que amas e não há culpa nisso...

Tu amas uma pessoa que nada tem a ver contigo
Que não encara uma caminhada até a esquina
Que ar puro é sinônimo de shopping center
Museu é só um depósito de velharia,
E Ouro Preto? Ah, um lugar aí cheio de igreja velha!
Esta a mulher que tu amas!
E que culpa há nisso?

O lamento que há é que tu foste amar
Alguém que não está nem aí pras tuas escritas
Mas nem aí mesmo...
E pior ainda, foste amar alguém que não te quer!
Alguém que nunca vai se render aos teus versos...

Por isso imaginas que é a mim que amas
Porque encaro, brincando 20 km de caminhada morro acima, morro abaixo
Porque adoro cheiro de peixe de mercado público
E me suicido se passar mais de meia hora dentro de um shopping...

Tu pensas que me amas porque sou parecida contigo
Porque poesia, a gente discute até de madrugada
E discute futebol e dá imensas gargalhadas...
A gente gosta de arte, a gente gosta de história...
Por isso pensas e dizes que me amas...

Mas se me amasses, faríamos amor, não faríamos sexo
Me beijarias sem que eu precisasse sugerir, pedir, implorar, te agarrar
E não usarias a desculpa bizarra de que perdeste a prática...
Porque te lembras a luta que foi para que andássemos de mãos dadas pelas ruas?
Será que com a moça do shopping também terias perdido a prática?
Evidente que não! Porque é a ela, meu lindo, que amas...

Assim como há uma pessoa que me ama e que vou tentar resgatar
Porque quase perdi, nesse rolo todo: EU MESMA...