Ai de ti, Mãe
Ai de ti, Mãe...
Ai de Ti mãe, ai de ti.
Tanto amor, tantos desvelos, tantos...
Oh mãe, ai de ti.
O tempo, mãe, o tempo...
Não te vê anciã, mãe, o tempo.
O tempo...
Te vê ainda menina, mãe...
Terna criança em prantos
Sem cantiga chorando aos cantos.
E alguém ao te ver assim,
Irreverente sorri
Te vendo morrer aos poucos
Aos poucos morrer te vendo.
O tempo, mãe. O tempo...
O tempo teu Criador
Levanta a voz, protesta, brada!
Em face do desamor
O tempo, o tempo, o tempo!
Revolta-se a amplidão;
De Mercúrio a Plutão,
Da Láctea, via de luz,
Aos confins da escuridão
Uma voz somente vem:
- Paristes em lugar de deuses,
Filhos escusos!
Monstros lendários, obtusos!
De sangue, suor e maldade;
Sem amor, sem dor ou saudade.
Feras de sangue e carne!
Dei-te o sol por marido
Por concubina o luar
Por prole: flores e frutos
Cascatas, montes e aquém,
O frígido gelo polar!
Aprende comigo, Oh filha,
Fruto do mais puro amor...
Porque a alva não vinha
Explendor 'inda não havia.
O sol a distantes eras
Pálida estrela nem era
E em minha mente, utopia!
Tu eras a luz do dia.
Decepção, filha amada!
Nascida de espectro distante
De escondidos amantes
Das eras universais...
Teus legítimos ancestrais.
Bestas, em lugar de homens!
Em lugar de homens, monstros!
Eu quero saber, me explique:
Porque Neros, Stalins, Hitlers?
Blairs, Saddans e Bushs?
Não te bastara, filha...
Menos sangue, violência?
Mais calor e menos frio?
Porque pseudo-heróis por que?
Porque Búfalo Bill, por que?
A mim, ó amada filha,
Somente bastara ver;
O amor, a clarividência,
O encanto primaveril
De teus filhos de outrora...
Dos de amanhã, dos de agora...
De Veríssimo, Amado e Gil.
14/09/2003.
Olympio Ramos
contatos: boemioline@hotmail.com