Profunda simplicidade
Profunda simplicidade
Os poemas de Adélia Prado são como comida mineira. Como de tudo. Gosto de tudo.
É como pimenta amassada no prato, abre o apetite da gente para a poesia.
Às vezes quando estou sem jeito para escrever,
leio uns de seus poemas e acho meu caminho. Li um que me ardeu bastante na boca e na alma.
“A criança
O cão e o gato
Comem no mesmo prato
a miséria do mundo"
Sabe o que? Quando ando meio pra baixo, minhocando coisas, pego o livro da Adélia e ela me dá uns puxões de orelha, tipo irmã mais velha, então eu entro nos eixos novamente. Acho que exatamente para isso são os poemas. Eles são como os faróis
que impedem que nosso barco se arrebente nas rochas.
Eles existem para nos indicar o caminho.
Água limpinha da fonte, sabedoria pura e simples. Adélia
nos mostra que podemos viver uma vida rica e encantadora,
como a dos gatos, sem que precisemos nos ausentar muito do nosso quintal. Dinheiro é bem-vindo mais na verdade precisa-se de pouco para ser feliz. O que carece mesmo é jeito para viver a vida. Coração aberto para o mundo.
O mundo que nos cerca está cheio de mistérios. As pessoas que nos cercam, trazem histórias maravilhosas, que nos deslumbraria se as lêssemos nos livros ou as víssemos nos filmes. Bastaria um olhar mais demorado para elas.
Profunda sabedoria, profunda simplicidade.
Na verdade acho que os livros dela deveriam ser incluídos na bolsa escola, bolsa família, bolsa saúde, sentimental e etc. Assim todo companheiro poeta poderia ganhar um de presente.
Estou com vontade de complementar um verso da Adélia, afinal nem ela mesmo é perfeita. Ela disse:
" Quem leu o livro de Deus
e o livro do João,
não precisa ler mais nada não “
Eu digo somente o livro da Adélia.