Olhos Verdes
Foi em meio a um mundo de fantasia que pela primeira aqueles olhos fitaram-no. Passaram-se alguns dias de intensa conquista e galanteios. Agora sentado a sua frente olhava para seus olhos verdes. Suas íris irradiavam uma alegria, uma felicidade, mesmo que pueril e fugaz. Logo abaixo seu sorriso confirmava a impressão. Fartos eram seus seios que nos “apertos” pareciam querer saltar de dentro da pequena camisetinha vermelha. Ela combinava com o interior de seu peito que palpitava.
O que fazia aquela menina-mulher se enganando numa mesa de bar? Seu sorriso era desejoso de algo mais. Mostrava por vezes um olhar de menina e outro sacana, de mulher, provocativo. Cada gesto pintava um novo cenário, instigava um ao outro, um convite ao prazer.
Suas coxas roliças apertadas numa calça cáqui queriam formar um coração junto a cintura. Elas não mostravam nada, mas estavam prontas. Seus poros eriçados a cada aproximação mais selvagem sempre se soerguiam nos seguidos beijos e mordiscadas em seus lábios, orelhas e língua.
Em algumas roçadas de corpos seus olhos se fechavam e entreabriam como se transportando a um mundo de prazeres. Os dedos viajavam pelos corpos sentindo as peles. O desejo estava à mostra e persistia por horas, a libido em alta, mas a consciência e a cultura jogavam proibindo passos mais ousados. Fases mais atrevidas eram decapitadas.
Um turbilhão de sentimentos e impulsos elétricos é no que havia se transformado aquele encontro dos corpos. Os olhares se buscavam, o que diziam aqueles pequeninos olhos verdes? Neles se viam, lá estavam os próprios reflexos. Por vezes se divertiam nesse jogo de se descobrir e um sorriso estava embutido a cada contemplar. Como pode também um olhar sorrir?
O que corpo e o coração buscam? Cada momento é único. Do que vale a vida sem emoções e trocas?
Cada respiro, suspiro e um beijo inflamado e se aqueciam e... suavam. Sensações múltiplas se concentram numa única cena. Braços se entrelaçam, corpos se tocam e buscam afagos, carinhos e apertos. Tórax se unem, bocas se enroscam, se tocam, se mordem, se exploram. Todo o corpo está voltado para aquele momento. Até os olhos se fecham, é capaz de jurar-se que até se ouve menos ao redor.
São duas criaturas num transe. O corpo se prepara para algo mais, hormônios em ebulição, tudo se movimenta dentro do organismo, medos são perdidos para que num instante a vida tome conta. Um enlace entre o mundo e aquele minuto. Para onde vão aquelas sensações? É custoso acreditar que aquelas vibrações se espalham pelo espaço e se perdem. Condensarão em forma de chuva? Contaminarão outros seres com o desejo e o amor? Se irradiarão por entre as pessoas?
Os cheiros transitavam entre os dois, as bocas suspiravam, as peles se sentiam, os toques pronunciavam os desejos, as mãos firmes puxavam os corpos em colisões suaves. Roçavam-se desejosos de estarem nus. As palavras pronunciadas, sussurradas completavam a cena.
Os momentos extasiados se fixaram naqueles olhos verdes. E permaneceram para sempre em cada memória.