Vertigem que se repete
Atravessei muitas ruas dessa alucinação repetida
Somente um quarteirão teimando surge sombrio
Em meio a quadradas luas daquela imaginação perdida
Ouvi o sim dizer que não,era imune ao vazio
Ali nasciam aprendizes cruas da história comprida
Lição de ser só na multidão,um passo e o desvio
Ao longe,enxerguei a vida,a mão,mantinha-na encolhida
Enquanto passava burocráticamente,como um fio
Por entre ruas,contornava trevo,seguia avenida
Percurso habitual,errou,tocou o chão,qual arrepio
Ferida,estava pálida,a cor fora esvaída
Vi que cambaleava,aparentava estar com frio
Chovia,verdades nuas,arrastava-se em becos sem saída
Pisando lixo,putrefação,gente dispersos pelo rio
Das criações suas e notei parecer despercebida
Seu mundo ideal girando ambição,o perfeito pavio
Minerador de falcatruas composto de pobreza homicida
Proliferando horror,sofreguidão,enfim,não resistiu
Partindo pequena,vencida,um show de despedida
Tanto chorava quanto berrava,que insistiu
Uma vez,talvez duas,preferia ser banida
A ser menor que a destruição,o homem construiu
Decretada a partida,achou-se anistiado o suicida
Aquele que era descrente,no primeiro de abril
Haver quadradas luas,viver em liberdade proibida
Perder da razão,do ser igual que o perseguiu
Ter indentidade,ideologias cruas,a alma produzida
Individual era opção,autenticidade um dia existiu
Eram muitas ruas,atinei agora certamente resolvida
Sensação de penar não mais,o bastante me seguiu.