do silêncio
Amigo,outrora o meu silêncio era feito de afliçoes,onde meu pobre eu soluçava,emitia sonoros gemidos qual pássaro indefeso,vítima de algoz faminto...
Logo ,os míseros pios eram abafados ao percorrer a garganta escura e profunda do impiedoso. Ah!Pobre de minh'alma que só ouvia o cantar alegre quando do amanhecer e repetia inconsciente o belo trinar!
Tola e vã ilusão que se repetia a cada entardecer.
Cuidava para que o silêncio não me fizesse esquecer...
Ah!cega indigência que não me permitia perceber que o silêncio acorda o sonho,único momento em que podemos "ver' Deus...
Viver é ,tão somente, caminhar o mesmo caminho,indefinidamente,levando no peito,apenas,uma pedra.
Entretanto,caro amigo,à semelhança de paciente,silente fermento a atuar na massa amorfa,surgirá o dia em que sonora e vigorosa ordem será ouvida claramente...A voz do silêncio.
"Deixai falar esta que traz o frescor das gotículas da chuva prazenteira,esta que acaricia a flor do campo,arrancando,suavemente as sementes,perpetuando a especie.
Não a interrompa!...
"Queridos amigos,é no silêncio que o Magnífico arrasta a corrente da vida,a seiva fértil alimenta as folhas do vegetal e que os raios do sol aquecem a tudo e a todos."Procurai,entre os pensamentos dualistas,o silêncio de vossos eus"...
Lá,não haverá,com certeza, as ondas das aflições e agonias a nos inundar...