Fragmentos II

Procurei e encontrei o divã, mas ainda estou debaixo dele. Não tive coragem de sentar e encarar meus demônios. Enquanto isso, continuo driblando meus anjos e cometendo enganos.

Converso e verso com os meus botões. Sou o maior amigo da minha solidão e dos meus inimigos.

Para mim tempo é mar. Infinito, profundo, azul , misterioso , cheios de ondas e às vezes salgado.

Meu coração é de pedra, sol, folha, lua, mar e orvalho.

Minhas saudades escorregam por entre os dedos.

Dinheiro não me impulsiona. Sou movido por paixão.

Beijo roubado tem sabor dobrado.

Não sou muito de falar. Nasci para ouvir.

Músicas são asas que me fazem voar sobre montanhas, mares, planícies, vales e rios.

Eu cheiro com os olhos, vejo com os dedos e sinto com a alma.

Só viajo de primeira classe e pagando relativamente pouco, quando leio um bom livro.

Sorriso de filho não tem preço.

Às vezes me perco em meu próprio endereço.

Na minha mãe esquerda trago as dúvidas e os medos, na direita as curvaturas necessárias para acertar as rasuras, e reescrever com bravura e ternura as páginas de minha vida.

Eu preciso de muito pouco para ser feliz. De um cisco, rabisco, riso e lágrimas faço um rio de amor.

Não pretendo ser compreendido, apenas persigo a felicidade.

Vivo fragmentado, porém apaixonado pela vida.

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Roberto Passos do Amaral Pereira
Enviado por Roberto Passos do Amaral Pereira em 01/05/2008
Reeditado em 25/06/2011
Código do texto: T970134