FARSA
Ah! Basta!
O destino me pregou uma peça!
Fez-me servo da emoção
Iludido da própria ilusão
Encerrou-me em sua farsa!
(Há uma quimera
sobre minha cama
E um presságio na janela)
Não fosse uma, duas, três
Quisera mil!
Tantas vezes já marcada
E amargada
Tal qual a água
Pós vinho tinto.
Escrevi cartas que não foram
Nunca abri as que chegaram
Dei-las, por mérito,
Ao fogo
Um calor verdadeiro
E agora, carrego no peito
A marca que a passagem me deixou
Não a dor
Do nunca amado
Mas o vil sentimento
De quem nunca amou!
(Trecho da Peça - Um Monólogo, duas Reflexões, do mesmo autor.)
(PS: Escute também o audio desse texto)