Nadeando II

... Das cousas, os seus vazios; dos humanos, os seus silêncios, e de mim, a minha saudade acaso, se não fosse porque ainda são palavras, não ocos, obscuridade, ausências... espaços em branco ou em preto.

Não seria uma proposta, nem algum signo forte, senão apenas uma queixa, uma pergunta que um não se atreve a formular, ou qualquer anseio ao que se renunciou, ou alguma derrota seria.

Mais que um embriagante perfume, certos suores ocultos, aquelas misérias que um não partilha nem com um. Talvez a distância consigo mesmo, esse meter terra em meio entre mim e eu, e o gosto triste que há nisso. A consciência da soidade, e a consciência dessa consciência ter, a mágoa que vai nela, e o sempre bebê-la, porém, como se bebe um licor amargo que rasga e, ao mesmo tempo, faz por dentro sentir.

Todo o perdido me interessa, e também todo o que está por peder; os amores consumidos, e os por consumar: todas as inexistências de tal tipo, o saber dessa inexistência cruel, e querê-la não obstante, e querê-la por isso. Todo o distante, como aquela chuva sobre o oceano aquele, aquela lágrima caindo por cima de certo corpo que estás a ver pela última vez. Todo o esquecido, os arrincoados sem arrincoar-me; o irreconciliável que não o quer, mais o que o quer ser. A dúvida inconstante, a incerteza, a terra de ninguém. Todas essas tristezas que me fazem pensar, esses desencontros todos que me fazem querer...