TATUAGENS

(para o Cláudio Pinto de Sá, cronista, dirigente do Partenon Literário)

Os fundilhos de nossa geração ficaram rotos de galhofas, de inocentes brincadeiras, e a memória comanda a rememoração. E o intertexto surge por tua mágica, Mandrake redivivo!

É tão bom ter amigos escribas com esse talento tão peculiar.

Ainda estou mergulhado nas águas barrentas do Arroio Pepino, o rio de minha infância de menino pobre, em que eu pegava caranguejos.

Tal qual um dia — 40 anos antes — em que o poeta Bilac perdera o senso dos comuns e pegara estrelas!

Vês as tatuagens do tempo?!

Memórias do que foi, é e será nos sortudos da geração 50 do século vinte.

O coração pulsa o terceiro milênio, o ritmo não é mais o mesmo.

Tudo corre – virtual – sem a graça das mãos sujas de barro e o compreensível desespero das mães bondosas de saúde pública.

Para os garotos todas estas preocupações são incompreensíveis, tolhedoras da vontade de vir a ser.

A saudade borra o quadro com os seus quadrantes grises. O pensamento é um bólido. O coração bombeia lento. O sangue corre no ritmo das gordurinhas e escleroses. Maneja-se o bombeamento dos medos. Registra-se o passado e o presente. Sempre o novo e suas incertezas.

O futuro tem o rosto amassado pelo que foi memória.

– Do livro EU MENINO GRANDE, 2006 / 2008.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/96775