Fragmentos I

Apesar do corre- corre em que me encontro, é preciso ficar atento a tudo que me cerca. Sei que às vezes me perco quando envolvido me vejo em meus devaneios. Sou de buscar estrelas no meio de tempestades, de procurar saudades das tarde de outono, e de ter sonhos acordados.

A verdade é que sou inteiro quando minha mão escreve. Nesses momentos carrego nos olhos a eternidade do amor; colho flores nas sacadas da amada; sou violão que sola uma solidão na madrugada e o som suave de um saxofone que acalma. Tenho um olho cego pelos desejos e o outro aberto pelas paixões. Sou pele que se arrepia de emoção e mão que acaricia o coração de quem amo.

Se uso algumas máscaras? Penso que sim, nesse mundo louco não é possível ser totalmente bobo. É preciso saber se defende e entrar no jogo. Mas isso não faz o meu estilo. Sou muito crítico para aceitar isso com facilidade, e também sou um péssimo ator. Mas para sobreviver, às vezes faço uso dessa prática.

A vida não é um jogo de baralho. Sorte ajuda, e é sempre bom ter uma carta na manga. Porém, é necessário lutar, abrir o próprio caminho.

Pecados,cometo muitos. Deus me fez um ser humano perfeito: Cheio de defeitos.

As pessoas muito certinhas, ditas "normais" me assustam. A loucura me atrai.

Aprecio o silêncio. É quanto tudo é intenso, pequeno e mais meu.

Tento freqüentar a razão, mas sou emoção.

Gosto de banho de chuva, de correr molhado pelas ruas das llembranças de minha infância.

Acomodado? Dizem que sim. Só sei que não tenho muito pressa. Para mim,só o amor é urgente.

Meus filhos são os melhores reflexos do meu espelho.

Quando tudo fica difícil, busco refúgio no mar. Lá, deixo minhas mágoas, salgo minhas tristezas e afogo minhas dores.

Se Freud ou Lacan. Continuo na dúvida. A única certeza é que eu preciso de um divã.

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Roberto Passos do Amaral Pereira
Enviado por Roberto Passos do Amaral Pereira em 28/04/2008
Reeditado em 21/02/2011
Código do texto: T965896