"É ainda..dor"
É dor, é o que me aniquila aos poucos, levando-me à lona, inerte, indefesa, julgada e condenada!
Aflora-se lentamente, retirando-me o sorriso antes latente.
É dor humana, dor pungente que me vence, consumindo meus dias e noites, revigorando-se na minha fragilidade, a fragilidade de ser “gente”.
É ela que substitui a vertiginosa lembrança do seu sorriso, o abraço afetuoso ao deitar e a paz do seu olhar a me fitar.
Ainda é a dor que me faz sobrevivente deste mundo tardio.
É nela que tento justificar as atrocidades que testemunho.
E por ela, pela dor da despedida, que busco na certeza do reencontro.
No pranto comedido, rebusco os meus ínfimos sentidos, de reviver a cada dia à espera de morrer.
Para então, eternamente, em teus braços encontrar novamente a minha felicidade.
Estou triste, profundamente triste!
Envergonho-me, Senhor, diante da vida que tu me destes.
Por te acreditado que acolheria suas palavras, deu-me o direito de viver.
Hoje, após testemunhar o contrário, fiz do meu dom o maior protesto:
Não calarei minhas mãos enquanto vida tiver.