Homenagem!

Com o fim da Guerra do Paraguai, muitos eram os relatos trazidos pelos militares de extensas terras de vacaria, devolutas, no Mato Grosso. É a partir daí que José Antônio Pereira decide-se por ir até ao sul de Mato Grosso, em 1872. Formou-se então uma primeira comitiva. No meio do caminho, defronta-se com terras de ótima qualidade, propícia à pecuária, na região do Campo Grande. José Antônio Pereira decidiu, então, estabelecer-se ali, na confluência dos córregos depois denominados de Segredo e Prosa.

Em 1875, à frente de uma comitiva de 65 pessoas, praticamente toda sua família, José Antônio Pereira deu início à segunda viagem rumo ao seu destino, a pequena propriedade que deixara no Campo Grande.

Constrói um rancho e forma uma pequena roça no lugar.

Hoje esse rancho é um Museu!! Museu José Antônio Pereira.

Viaje comigo, leitor nesse rancho e por alguns minutos vislumbrará uma história!

Nos cantos de um velho quarto, baús! Lá dentro, histórias, encanto e magia dos Pereiras. Janela, que mais parecem portas, guardam em suas madeiras de lei, o talho de vida dessa família pioneira. Paredes, com estrias, espreitam e desenham vida pelos cantos da casa.

Num canto, um velho candeeiro; luz pálida, exalando energia dos cantos desse povo que contava suas histórias.

Depois da lida, ao som do velho violão, hoje sem cordas, mas com todas as notas gravadas nos dedos que ali deslizaram, cantavam inebriando corações e almas.

Sob o manto de Santo Antônio, rezas e crenças, pedidos e lágrimas de vidas cristalizadas nas imagens dos Pereiras. Nos respingos da vela, podem-se ver os pedidos em cascatas de fé!

Tear com fios de vida entrelaçados, amarravam pontos e destinos cruzados nas cobertas ali tecidas por mulheres submissas, mas guerreiras na grande arte da vida!

Vassouras jogadas pelos cantos, contam histórias pelos fios já descabelados pelo tempo implacável no pó das lembranças.

Entre dentes, range o velho engenho!! forte, destemido, feito essa família, guarda em suas entranhas sumo e bagaços de vidas que ali passaram. Ainda é possível ver marcas de mãos calejadas empurrando o velho engenho. Não havia pressa! O tempo parecia não existir naquela velha roda.

Mais ao longe, o riacho que tantas vezes percorreu o colo do monjolo, corre tranqüilo, trazendo em sua mansuetude o som triturado dos grãos..

Naquele ambiente, reina uma história: ...Sem carruagens e belos cavalos... Não se trata de uma família "Real", mas a realidade de pessoas que buscaram e encontraram no lombo de cavalos e carro-de-bois, na simplicidade da terra, na alegria da conquista, sua história de vida!

Carmem Lucia
Enviado por Carmem Lucia em 25/04/2008
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