Polaroid Etílica Mental

Ela desabou na cama como um prédio implodido.

Seus destroços se espalharam pelo lençol molhando o que antes era um templo seu

De paixão.

Ela havia sorrido há algumas horas, uma semana atrás.

Medo de seguir.

Confiou.

Enganou

A si.

Ela correu pela casa e chegou ao quarto.

Abriu a porta e lamentou olhando o espelho.

Eram quatro marcas. Tão visível.

Era a quarta vez que lhe faziam isto.

Ela sorria e degustava o frio derretendo na boca.

Ela quis ir ao cinema.

Ela foi à praça e olhou nos olhos.

Ele disse não dá... Não mais.

Ela quis entender.

Disse sim.

Ela tirou fotos abraçadas a ele.

Ela viu estrelas deitada na grama.

E o tempo não passava... Não no ritmo dos mortais.

Ele disse que queria se casar.

Ela também queria.

Ele chamou um táxi.

Com lágrimas nos olhos se despediram...

Ele a beijou naquela noite... E tocou gaita sorrindo pela rua, como um louco qualquer.

Ela sentia frio.

E a lua apareceu tão cheia, mesmo sendo lua nova.

Não houve filme naquela noite.

Nem final feliz.

Um “adeus, eu preciso ir...”

É o fim da história.

Se cuida.

A frase que fica.

E Eminem nem parece ser tão ruim agora.

Ele saiu a voar pela vida.

Ela ficou no chão, pedindo a deus a volta dele.

Ambos sabem que nem tudo é como se quer.

Ela acordou e olhou a volta.

Tudo no lugar... E tudo tão vazio.

Ela entrou no quarto e apagou a luz.

Desabou na cama como um prédio implodido...

E nunca quis cair.

Talvez amanhã uma nova construção se inicie.

Até lá tudo é monotonia, vestígios de uma vida e saudades camufladas em risos.