[Eu e o "Fado do Ciúme"]
Minha arrogância desaba,
estou desfeito em pedaços,
o meu peito pulsa em soluços;
as lágrimas são tantas, tantas,
que mal posso enxergar,
já tenho a boca salgada,
mas as lágrimas não cessam!
Não cessarão até que Amália Rodrigues
termine de cantar o "Fado do Ciúme";
[ah... as brancas asas levaram Amalia,
mas ficou a maviosa voz, neste fado!]
Um vida inteirinha errada,
o fim-de-linha, batente de trilhos
perdidos numa chapada erma de Minas,
manhãs que nunca mais verei,
um lar que nunca mais terei,
um intenso amor escrito na eternidade,
o fado de seres separados pelo destino,
o amor verdadeiro que nunca, nunca será....
E nesta noite, na penumbra deste quarto,
este vinho, estas palavras, eu, estas lágrimas,
e este fado... O meu fado!
Em que ponto me perdi,
em que encruzilhada errei,
eu... eu... e ela... ela...