Apelo

Edson Gonçalves Ferreira

Estou sempre chorando o menino que morreu ou que agoniza dentro de mim. O menino que, rapazinho, descobrir que a vida não é tão bela,

não é tão clara quanto a sua alma e seus sonhos. E eu choro, porque esse menino que existe dentro de mim e dentro de vocês não pode, não pode morrer...

POr favor, entendam, se ele morrer, consigo levará parte de uma humanidade que, independente de tudo, ainda existe. Hoje, a tarde, este menino acordou-se de vez e entrou em agonia... Por favor, entendam que o remédio é simples, apesar de raro. O menino que há dentro de mim e de

vocês só precisa de amor.

Sim, de amor de fato, não daqueles rotulados ou rebuscados com palavras finas. Apenas e somente, precisa daquele amor que se caracteriza pela doação. E nem sempre nós estamos preparados para ser generosos assim. Assim, às vezes, choro - choramos - e as lágrimas sufocam mais ainda o menino que há dentro de nós.

Precisamos prestar bastante atenção, porque se o menino que existe dentro de nós morrer, com ele morrerá também parte da humanidade. Precisamos ressuscitar, todos os dias, uns nos outros, o menino que há dentro de nós. Basta um sorriso, uma palavra gentil, um beijo na face, um bom dia, um muito obrigado e, quem sabe, às vezes, uma flor. Cuidemos bem desse menino - do menino que existe dentro de nós.

Divinópolis, 02.11.72