O POEMA QUE NÃO ERA PARA SER ESCRITO

 

 

 

Não quero escrevê-lo, não o desejo, mas uma força estranha se apodera da minha alma, gritando de dentro das minhas entranhas para que eu o escreva.

E diga tudo o que se passa sem reservas e sem constrangimentos, e que somente ela fique sabendo e guarde segredo para o resto de sua vida, mesmo sob medievais torturas.

Esse segredo somente a ela pertence, pois ela é a detentora e o objetivo santo deste poema.

Antes que surja outro motivo aparente, vou te confidenciar esse segredo que, aliás, é muito nosso.

Hoje eu percebi um tanto triste e deprimido ao tentar usar aquele perfume ofertado por ti, fiquei frustrado ao ver que não havia mais nem uma gota.

Naquele mesmo instante, eu me peguei pensando em ti de uma forma carinhosa, trazendo-me silente a tua lembrança que me povoa sempre.

É bem verdade que o perfume acabou, mas notei também que, a tua fragrância ficou aprisionada naquele frasco em forma de bastão da cor de chocolate.

Assim eu penso que o teu perfume de mulher ficará para todo o sempre, desta forma, será uma chance saudosa de pensar-te pelas manhãs e reviver os momentos bons vividos contigo.

O aroma daquele perfume diz muito de ti, e eu o sinto como se fosse a tua misteriosa proximidade.

Não vou te esquecer jamais, ainda guardo muito comigo do teu vestígio, é estranho isso o que está acontecendo, e este anseio também faz parte do segredo.

Tenho contigo um pacto, isto é, o pacto do bem-querer e, esse bem-querer, se avoluma dentro de mim cheio de saudades.

Temos um compromisso conosco mesmo, será que um dia saberemos reciclá-lo e vivenciá-lo sem precipitação?

Ouso pensar que sim.

Tu deves estar estranhando o que tento dizer, só sei que tudo foi muito precipitado e não deveríamos ter agido daquela forma impensada.

Lembras quando eu te dizia que o meu amor é manso e leve, assim como também é ávido de ternura quando a isso ele se propõe.

E assim, eu estou despertando para a realidade de bem te querer, por isso queira-me também desta forma e nos daremos muito bem.

Este poema, na verdade, não era para ser escrito.

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 16/04/2008
Código do texto: T948847