"Lembranças!"

A lisura daquela tez ainda se faz em minha mente, como dantes nunca se havia projetado.

Por ora, resta-me apenas lembranças dos momentos “idos” que passo aqui entre as linhas e palavras que me restam:

Era uma tarde dispersa, destas que nada esperam e nada insinuam, apenas sugeria ser uma tarde incomum. Com alguns pingos de chuva, às lágrimas que ainda por vir estariam, fez-se inevitável o encanto vivido.

Das mãos, gélidas e trepidas, movimentos inesperados foram surgindo: carícias que só o tato reproduziriam. O cheiro do quarto misturava-se com o cheiro da expectativa, talvez numa harmonia repentina, fez do impossível uma ação: aproximação, toque, aprovação e enfim consumação.

A memória que hoje falta não possibilita a lembrança da trajetória até o leito (uma leveza de vocábulo que substitui o rigor dos atos que lá se fizeram reais), porém, basta-me sentir ainda a dança que se fez até o despir das poucas peças de roupas que ainda insistiam em “nos” cobrir (de vergonha).

Talvez minha vergonha tenha me impedido de ir além; ir além do além, transpassar e transpor meus medos e anseios, festejar sem medo àquele banquete que a mim fora oferecido. Eu fiz, com todo o meu lavor, um amor com amor. Sem esperar a resposta, daquela que por pura aposta, fora contrária do que eu pretendia sentir.

E hoje, passado setembro e findando março, senti-me só: velejando em meus pensamentos e gritando desesperadamente para uns ouvidos surdos, que, negam-me o ouvir. Enfim, despejando em prosa a linda poesia que fora vivida.