Doideira sem Coca
A todo tempo, todo instante
Que por não saber chegar, afasto-me
Que por não querer o querer, imagino
Sem dar conta que isso seria diferente
As palavras aproximam, mas o duplo sentido enlouquece
Enlouquecendo, não tenho certeza
Certeza que talvez não seja tão necessária
Quando for permitido que o olhar diga por você
Tudo em você se transforma em silêncio
Quando silêncio, não sinto perfume
Quando me olha como quem procura resposta
Sinto vontade de responde-la, mas me foge a palavra
É um mergulho sem volta
É uma doideira sem coca
É um sentido sem sentido
É um desejo me punindo
A pura imagem de um pentágono
É uma selva e eu sentada rindo de mim
E eu rindo o seu riso, seu riso sentado
E eu querendo esse riso, sentado na selva
Na selva do meu lado
Rio, 14/06/1984