Doideira sem Coca

A todo tempo, todo instante

Que por não saber chegar, afasto-me

Que por não querer o querer, imagino

Sem dar conta que isso seria diferente

As palavras aproximam, mas o duplo sentido enlouquece

Enlouquecendo, não tenho certeza

Certeza que talvez não seja tão necessária

Quando for permitido que o olhar diga por você

Tudo em você se transforma em silêncio

Quando silêncio, não sinto perfume

Quando me olha como quem procura resposta

Sinto vontade de responde-la, mas me foge a palavra

É um mergulho sem volta

É uma doideira sem coca

É um sentido sem sentido

É um desejo me punindo

A pura imagem de um pentágono

É uma selva e eu sentada rindo de mim

E eu rindo o seu riso, seu riso sentado

E eu querendo esse riso, sentado na selva

Na selva do meu lado

Rio, 14/06/1984

Line Ramos
Enviado por Line Ramos em 13/04/2008
Código do texto: T944146