A TERRA É UMA SÓ. A TERRA E DELA SÓ. A TERRA É SÓ VIDA...

Por que ascendo a este morro? O cume só é o fim do sopé...

Em cima, embaixo... Sabe Deus se isto importa...

Existe uma real ordem para dois pontos irmãos

Descendentes em criação de uma mesma linha?

Na hora, pouco penso. Ajo. Quero o furor dos altíssimos ventos

Anseios tresloucados por um sol que oureja

Então, lá vamos... Arriba!

Inspiro as mudanças de clima

Oxigênios límpidos, tonalidades azulinas

Das elevadas atmosferas procuro paisagens indiscretas

Em que possa exercer um soberbo querer

Uma onisciência direta...

Já reparaste em teus humores quando encimas a um topo?

Em princípio, fitas abaixo sem pretensões...

Receios das alturas e estranheza são as primeiras impressões

Depois, em meio à fria brisa, estréias novos estados

Enormes alterações!

Teu interior se equaliza... Ativa-se um ponto nu da espinha

Que nada te avisa... Uma fina sintonia quase que ensandece

Deliciosas vertigens da calma.... O silêncio te ronda, avizinha...

Incursões mentais... Percepções inusuais!

Descobres todos os movimentos dos afastados circulantes:

Os andarilhos dos países baixos... Seres miudíssimos, curtos...

Deste elevado ponto nem se lhes vê idéias, anseios virtudes, defeitos

É... Será que aquelas manchas cinzas são gente?

Mais serão geográficas referências. Se respiram ou são pedras?

Nem me digas... Rotinas de formiga. Assim os vejo de cá

Sou alma praticamente imortal, zombando da bizarra e cotidiana lida

Aprecio daqui o ápice cultural desta civilização formigueiro...

As reflexões da cimeira não dão muita razão à sinistra movimentação

Deste medrosos seres pregados ao plano

Lanço olhares divinos... Avisto do ermo ao inferno, do homem ao enfermo...

A vida fica pequena (de modo geral). Perde uma dimensão!

A humanidade traça rabiscos à superfície

Como desenhos de linhas marcando um papel de pão

Os sentidos ligam (Sem receio de maiores erros)

Bem e mal, luz e sombra, horizonte à amplidão...

Aqui sinto-me bem livre! Meu limite?

O alcance da imensidão. Dos olhos, da fantasia, da imaginação

Entendo sim o que do chão jamais perceberia: Realmente sou pequeno!

A Terra é uma só. A Terra é dela só. A Terra é só vida!

Eu sou célula. Sou parte dela. Sou célula boa. Sou célula cancerígena

Gê Muniz
Enviado por Gê Muniz em 12/04/2008
Reeditado em 05/07/2011
Código do texto: T942008
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