Pode ser hoje

Perdemos muito tempo com lamúrias sobre situações que não podemos ainda mudar. Perdemos tempo brigando com as pessoas que amamos por não serem elas cópias nossas, por não se submeterem aos nossos caprichos. Por terem opinião própria.

E estas pessoas acabam indo embora, cruzando o rio que separa a vida corpórea da vida espiritual. Sentimos-nos, então, solitários, choramos, arrependemos-nos.

Vivemos na verdade fazendo economia de amor, de gentileza. Passamos a existência na defensiva. Temos medo de ser como somos. De errar, de cair, situações que fazem parte do jogo.

E o tempo, a maior das ilusões, e ao mesmo tempo, a mais engenhosa armadilha, se esvai. O tempo que representa a sucessão dos acontecimentos, e que por isto mesmo é medida relativa de coisas transitórias.

Só o que é passageiro pode ser medido pelo tempo diz a razão. E se por um lado a alma é eterna, a existência é transitória. E tudo que nos cerca hoje faz parte de nossa existência e não sabemos quando teremos outra oportunidade assim.

Os amigos que partem viajam para um rumo que ignoramos, pois seguem eles sua ascensão que é individual.

E nós, quando partiremos? Sabemos nós o dia desta viagem cheia de mistérios. Não, só sabemos que é inevitável fazê-la.

Resta saber se estaremos preparados para ela.