Um Domingo qualquer, qualquer hora.
No meu quarto de piso quadriculado “tabuleiro de xadrez”, os pensamentos me reverberam na mente como antigos gritos que há muito ecoam precisados da atenção que os neguei propositalmente.
Por medo? Não, não necessariamente, é que nesse jogo incessante que é a vida, é preciso saber o momento certo de se armar e desarmar. E é isso que me faz lembrar esse grande tabuleiro - a vida – que me tem como peça em xeque constante.
... Pensamentos “recorrentes” nada mais, e pela flexibilidade dos significados da palavra recorrente é que fujo de tais pensamentos, ou melhor, eles é que fogem de mim, veja lá aonde já vão correndo e correndo e correndo...
Ah, esquece os pensamentos, tive um dia bom e isso me basta. Que importa que a saudade de quem ainda não possuí me abateu? Ou que a trilha sonora desse dia eu tenha feito repetir-se em apenas uma canção - a dos amores impossíveis?
Que importa?
A quem importa?
Os relatos dos acontecimentos materiais desse dia se fazem tão supérfluos que pareço não ter existido hoje, senão apenas como forma espectral de existência, como se alheia a todo o corpo minha mente divagasse na vastidão enorme de si mesma, vivendo o real sem a percepção, às vezes, restringente que os sentidos do corpo possam proporcionar.