Hoje Senti
Senti dor no quarto dedo da mão direita.
Senti o paradoxo profundo de não saber se ódio ou amor, se real ou ilusão, se continuar a vida.
Seria só um sonho, um pesadelo?
A sensação de brisa, de vazio. De incompreensão mais entendida. Senti medo. Senti dor. Perigo. Perigas nada mudar. Perigas tudo mudar. Perigas eu nunca saber. Perigas meu amor não acabar. E como, tudo isso, administrar?
Será, será? Amor? Apego? Certeza ou Dúvida? Cadê você que não está?
Por favor, quero acordar. Fingir que está tudo em seu lugar. E seria fácil viver. Mas não serei vendada, ventável, vendida, às ilusões do mundo. As que hoje são, amanhã não são, porque, na verdade, nunca o foram. O que seriam? O que serão? O que querem ser? O que eu tenho a ver em vão como um pião tonto a girar?
Seria acaso, destino ou invensão? Senti a dúvida de ser alguém que ama e clama pela possibilidade de não viver em vão. Alguém que não se ilude, que vive e sofre os efeitos colaterais da realidade, que luta para transformá-los e guarda em baixo das pálpebras, olhar de esperança, de crença, de criança.