Duas portas

Eram duas portas, as duas de entrada. Largas e ensolaradas.

Apenas duas portas.

Todos que por ali passavam queriam saber a razão de duas portas apenas separadas por centímetros. Cada uma dava para uma sala e as duas convergiam para o coração da casa.

Por ali entraram muitos amigos e clientes.

Por ali entraram flores que enfeitavam a casa.

Passaram sorrisos e ecoaram vozes em sinfonia e as mensagens de afeto foram muitas.

Por uma delas em dia trágico passou um caixão e ao lembrar disso uma dor passa correndo pelo meu coração, passou!

Os momentos de paz foram muito maiores.

E nas duas portas se registra toda a razão desse lar.

Em breve eu a última a sair fecharei a porta para sempre, sem lágrimas e sem sorrisos, apenas com a certeza de que passei pela porta, e como portal sagrado imprime em mim uma nova senha, um novo amanhecer.

Ainda existirá o sol, ainda a chuva vai molhar meu rosto, e a lua me enamorar em sonhos.

Minha impressão fica.

Meus pés se afastarão em pegadas firmes traçando nova rota.

Eu sei que encontrarei uma única porta e passarei por ela sob um enorme arco-íris.

Eu sei!