"Desencanto"

Presunção audaz seria a minha se adivinhasse seus sentires, mas diante do olhar, palavra nenhuma seria preciso: revela-se, simplesmente.

Se me faz assim; desmedida e intrusa é falta de razão, aos poucos cedestes lugar ao que já não mais se contém.

Viceja em ti, sempre que me põe em evidência, o desejo de tocar minha face, de sentir meu cheiro, de repousar em meu seio. Mas, domado estarás – sempre– diante da minha presença.

Finge abandono eterno, ignora-me, jogando-me às esquinas solitárias. Não me intitula, nem mais me verseja. Já pôs fim na peça, já cerrou as cortinas do grande espetáculo.

E agora, choro a saudade e o desprezo.