"Felizes os que..."
"Felizes os que podem mover facilmente os olhos, sem os ver transbordar (...)"
Cecília Meireles
Acordai-me!
Nunca mais o silêncio dos rastros
dos que não passaram pelos caminhos.
Do que lancei pela luz das quimeras,
e fragmentou-se como astro morto,
espargindo seu rosto,
para fazer buracos profundos e tortos
nessa minha pele de terra.
Acordai-me!
Nunca mais o sândalo doloroso
das decantadas primaveras
onde o próprio corpo do trigo
pedia mãos para se fazer pão e abrigo
na esperança das esperas.
Acordai-me!
Os olhos se movem
e não se resolvem,
porque há ainda água demais
que assombra, que relembra,
que embebeda,
que gela!