COLHEITA




À frente de cada um,
a vida a semear...
mesmo em terras um tanto inférteis,
mas o que pode o lavrador fazer
senão lavrar, lavrar fundo,
pra fixar bem as sementes,
seguir com a velha e conhecida vida,
mesmo com parcas ilusões de colheitas?

Às nossas costas,
o campo de batalhas
há bem pouco travadas,
onde deixamos marcas em
terreno acidentado,
rastros de pés trôpegos,
que afastaram-se devagar,
titubeantes, derrotados...

E entre nós o abismo
em profundezas cavado
em hora de desatino...

Mas esperança de que um tênue fio
comece a vingar unindo as duas bordas
tão distantes...
sobre o qual possa começar a  fluir
um bálsamo de superar dores antigas,
de renascer encantamentos...

Sonhar o dia em que
o grão da terra firme
de sentimentos que não sonham
viagens, vôos,
mas têm a doçura
da estação da colheita,
germine e frutifique,
tendo sido, finalmente,
semeado a quatro mãos...


tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 24/03/2008
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